Boku wa Mari no Naka – O Gender Bender que (quase) dá certo


Boku wa Mari no Naka (Inside Mari) é um mangá desenhado e roteirizado por Shuuzou Oshimi (Aku no Hana), atualmente em publicação na Mangá Action, da editora Futabasha. 
Komori Issao é um hikikomori (vulgarmente conhecido como vagabundo). Nas suas caminhadas noturnas encontra uma garota. Mesmo não sabendo nada sobre ela, ele acaba se tornando um stalker, perseguindo-a diariamente. Numa de suas andanças, ele acaba assumindo o corpo da tal garota, chamada Yoshizaki Mari. Agora ele tenta viver uma vida comum, tentado ao máximo "ser" Mari.


Lendo a sinopse Inside Mari parece apenas mais um Gender Bender hiper-fetichista, para agradar nossos queridos amarelos punheteiros. Os primeiros capítulos confirmam essa impressão, tendo até mesmo uma vergonhosa frase inicial. Mas, aos poucos, ele brilha e mostra para que veio... e depois apaga... e brilha de novo, só pra depois apagar-se novamente.


Em oposição à destruidora maioria pertencente ao subgênero, aqui não há uma troca de corpos. O protagonista está "dentro da Mari", por assim dizer, mas o seu corpo não está com ela dentro, tampouco vazio. O corpo original continua com a mente original. Isso cria um mistério que prende o leitor de uma forma extremamemente foda.
A forma como é conduzido é o que mais me deixa em dúvida. Dúvida é a palavra que define minha experiência com esse mangá. Horas ele é muito bom, muito bom mesmo, com cenas fantásticas, que brincam com o abstrato e a bizarrice que mídia pode propiciar. Isso tudo graças ao ótimo desenho de Oshimi, deus como esse homem consegue desenhar cara de gente louca. Mas isso é constantemente ofuscado pelas outras partes do mangá. Ele vai das partes mais sombrias e abstratas de Oyasumi Punpun às mais nojentas daquela novela das sete água com açúcar. Tudo isso é causado pela relação pseudo-não-tão-pseudo-assim-lésbica entre Mari e sua colega de classe Kakiguchi Yori. Tirando pouquíssimas partes onde as duas estão juntas, com um foco maior no mistério ao invés do relacionamento delas, toda essa parte é no mínimo dispensável. Ela é chata, sem graça, e de longe, a razão de eu não afirmar a qualidade de obra. Boa parte dos capítulos giram em torno dessa relação, que é infinitamente inferior às pirações fodas que o mangá apresenta. Isso cria uma impressão que o autor está "se segurando" jogando cenas de tirar o fôlego, para logo em seguida voltar para sua "linha de conforto" medíocre e entediante.
Boku wa Mari no Naka quase se torna uma obra excepcional, mas parece preferir se conter à abraçar sua loucura, tornando-se um produto apenas OK, mesmo tendo um grande potencial.

Normalmente eu não faço um julgamento antes da conclusão da obra em questão, mas estava com vontade de escrever sobre, e essa com quase absoluta certeza não vai mudar. Ou seja, escrevi porque quis e foda-se.



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