Revisitando é um bloco onde pego paradas que marcaram minha infância e assisto de novo.

Paneta do Tesouro é uma animação produzida pela Disney, em 2002. É uma adaptação/releitura do clássico romance escrito por Robert Louis Stevenson. 

Há muitos anos um pirata chamado Flint, escondeu uma grande quantidade de tesouros saqueados num planeta desconhecido. Desde então, vários já se aventuraram em busca desse tesouro. O foco é no adolescente padrão, genérico e problemático Jim Hawkins, que após encontrar o mapa que revela a localização do planeta, parte numa grande aventura.

Planeta do Tesouro marcou e muito a minha infância. Lembro que na época das locadoras, pegava ele todo final de semana, em VHS ainda. Devo admitir que tinha esquecido quase tudo do filme, então essa foi uma experiencia quase que totalmente nova pra mim. Infelizmente, Planeta do Tesouro não atingiu, nem de perto, as expectativas que tinha quanto ao filme.

A grande mudança em relação ao material original é o setting. Ao invés do mar e barcos, temos o espaço e naves. Tudo com cenário que lembra a era dos piratas. As armas, as vestimentas, o porto, tudo. Todo o cenário é povoado por criaturas extraterrestres, que lembram animais antropomorfizados. Isso é bem legal, eu particularmente gosto muito do estilo adotado pelo desenho. Infelizmente nem tudo é perfeito, e com Planeta do Tesouro não é diferente.

Primeiro de tudo, a historia. Sinto que ela se desenrola muito devagar, muito mesmo. Uma hora parece uma eternidade. Varias vezes chequei o tempo de vídeo. Parecia que uma anomalia temporal tinha se instalado alí. Os personagens também são um problema. A começar pelo principal, ele é o tipico garotinho adolescente delinquente e revoltado que vimos mais de mil vezes. Claramente ele foi feito para ser maneiro e radical, talvez para atingir um maior publico (?). Sua relação com sua mãe é sem química e carisma, simplesmente não cativa. Os personagens secundários são resumidos a alívios cômicos e vilões. E que alívios cômicos, um pior que o outro. Inúmeras vezes eles só apareciam para atrapalhar o andamento do filme, com piadas inconvenientes.

Doutor Delbert Doppler pode até ser carismático, mas não engraçado. Em momento algum me senti tentado a abrir um sorrisinho com suas piadas. O mesmo pode ser dito de Morpho. Que filho de uma puta. FILHO DE UMA PUTA. Eu odeio você! Morra seu lixo. Indo de oito à oitenta, temos o ciborgue extremamente carismático, Long John Silver. Mesmo sabendo que ele é o vilão, como é mostrado nos primeiros minutos de filme, é impossível não gostar do personagem. Toda sua relação de pai e filho criada com Jim é muito boa, o ponto alto do filme. Me peguei varias vezes me perguntando se ele seria realmente o vilão.

A animação é padrão Disney. Fluida e bem iluminada. Seria perfeita se não estivéssemos no século 21 e o CG não fosse a novidade da época. O CG é feio. Os personagens até não incomodam tanto, mas os cenários, deus, que feios. Parece jogo de PS1, texturas pobres e artificiais. Se o cenário ficasse parado, eu nem iria reparar, mas ele fica se mexendo de um lado para o outro. A CG é usada em lugares sem sentido algum, como exemplo, baús e maçanetas. A trilha sonora é OK, como a Disney usa até hoje.

Eu diria que Planeta do Tesouro me decepcionou totalmente, se não fossem os últimos 30 minutos de filme. Tudo que falta nos primeiros 2/3 do filme estão ali. O suspense, a tensão, ação, tudo em seu ápice. O clímax é ótimo. Pena que temos que esperar mais de uma hora para isso.

Você desiste de algumas coisas em busca do seu sonho.

Planeta do Tesouro está longe de ser a pior coisa que eu já vi, mas está muito abaixo do padrão visto nas animações 2D da Disney. O ritmo enrolado, péssimo senso de humor e personagens irritantes acabam rebaixando e muito a obra. O clímax é fantástico, vale o filme com certeza. Mas um longa não é feito apenas dos seus 30 minutos finais.

Nota: 7/10 - Bom

Planeta do Tesouro está disponível em DVD e em streaming, pelo Netflix. O problema do Netflix é o áudio em português, que está dessincronizado.